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Meu “Lado B”.


Houve um período da minha vida onde eu acreditava ser possível alcançar a perfeição. Dizem que os perfeccionistas sofrem mais por interagirem com um mundo bagunçado, mas eu digo que os perfeccionistas sofrem por estarem dando murros em ponta de faca. É fácil confundir excelência com perfeição.
Quando começamos a nos descobrir como pessoas é comum nos depararmos com nosso “lado B”. Percebemos nossos defeitos com mais facilidade e diante dele nos horrorizamos, e aceitar esse lado menos louvável é tarefa pra quem tem estômago. Ao passo que nos observamos, prestamos atenção em quem somos de fato, somos inundados por uma dose letal de realidade. Aqui é a encruzilhada onde muita gente decide suas máscaras. Não é fácil ser você mesmo, mas fazer de conta é pior. O que eu conheço de gente fake não está escrito, e isso é triste.
Eu já fui fake. Já fui perfeccionista. Já acreditei em milagres. Já acreditei de olhos fechados em gente que muda da água para o vinho. É o caminho mais fácil, mais confortável. Ninguém quer aceitar seus limites como pessoa. Ninguém gosta de saber que por trás do que fazemos há uma segunda intenção.
Falamos o dia todo sobre gente falsa quando nós mesmos não somos verdadeiros em tempo integral. Somos cheios de sorrisos forçados, indiretas maldosas, intenções que nada tem a ver com bom caráter. Todo mundo é assim, e aceitar isso leva tempo. Nós todos somos egoístas vez ou outra, somos todos dependentes de atenção eventualmente. Gostamos que nossas qualidades sejam destacadas, ansiamos por uma massagem no ego, precisamos da aprovação alheia. Por isso é tão desagradável quando alguém diz algo negativo que nos atinge. E ninguém melhor pra fazer isso do que sua família e amigos mais próximos.
Teimosia, mesquinharia, falsidade, vergonha, perfeccionismo… Eu tenho um pouco de cada e você também. Não é nada de que devemos nos orgulhar, mas se fazer de santo e fechar os olhos para a realidade não é o melhor remédio. É uma decisão que cabe a cada indivíduo, e como já disse Clarice Lispector, “Já que sou, o jeito é ser”. Isso é libertador. Não quer dizer que não temos de correr atrás do prejuízo, que devemos nos conformar com nosso lado monstruoso. Quer dizer que, ou abraçamos o nosso eu por inteiro, ou passaremos a vida toda apontando dedos e nos cobrindo de razão, quando por debaixo dos panos estamos podres até os ossos.
Quem me dera eu fosse perfeito. Quem me dera eu sempre tivesse a coragem de dizer a verdade, de ser altruísta. Eu adoraria ter a habilidade de tratar a todos como iguais, de deixar meus preconceitos para trás, de esquecer uma mágoa, de não desejar vingança. Seria um paraíso eu poder dizer que nunca errei e que nunca mais cometerei outro desfalque, mas eu e você sabemos que não é assim que a banda toca.
A vida é interessante em seus altos e baixos. A decisão de ser a melhor versão de si mesmo é única, pessoal e intransferível.

Por: Paulo R. Cane, colunista da Love & Pop, cronista e instrutor de Inglês.
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