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Como ser jovem e LGBT em pleno século XXI

Saudações, meus lindos!

Depois de algum tempo me reservando para buscar ideias e inspirações, estou de volta com muitas coisas legais para compartilhar com vocês!
Nesse domingo lindo que amanheceu aqui em Minas Gerais, me sinto inspirado a escrever mais esse texto para todos vocês, que tanto nos inspiram com suas histórias de superação, de aceitação e de vitória a cada dia em meio a essa sociedade hipócrita, preconceituosa e incoerente.
Como sempre faço, gosto de ouvir músicas enquanto escrevo, pra me inspirar. Desta vez, estou ouvindo "Rebeal Heart", da Rainha Madonna, o que é, na minha opinião, o melhor álbum lançado nesse ano de 2015. É incrível a capacidade de Reivenção dessa mulher.

Mas vamos ao que interessa, que é o assunto que escreverei hoje para o nosso Blog. Uma coisa que sempre me atraiu na Love & Pop antes mesmo de passar a fazer parte dos moderadores, sem dúvida foi a proximidade que a página procura estabelecer com seus leitores. Isso é muito bonito, uma vez que a cada dia a gente se depara com histórias das mais variadas nuances que envolvem nossos leitores e que dariam enredos mais interessantes do que muitos filmes de Hollywood.

E é em nome dessa proximidade que resolvi escrever esse texto sobre um tema importantíssimo para todos nós: Como ser LGBT e conviver em sociedade, mesmo com o preconceito, com a homo-lesbo-bi-transfobia cada vez mais latente em nossa sociedade em pleno século XXI?

É verdade que alguns podem dizer que estamos retornando à Idade Média com o comportamento que a sociedade tem demonstrado não só no que diz respeito á opinião pública, mas também ao Congresso Nacional, que vem demonstrando e incentivando verdadeiros retrocessos nos últimos dias no que diz respeito à conquista de direitos sociais.
Leve-se também em consideração a violência contra os LGBT's que vem atingindo níveis alarmantes a cada dia.
Mas, apesar de tudo, usufruímos de certa "liberdade" (e bote aspas aí mesmo...!), já que não existem mais as fogueiras e outros meios de tortura típicos da Idade Média (embora cada vez mais tenho medo de que, do jeito que as coisas estão, isso possa voltar. Deus nos livre disso.)

Exatamente por isso, que temos que entender como deve ser o nosso comportamento em sociedade nesse tempo atual, de modo que possamos ser felizes ao máximo possível, já que foi pra isso que saímos do armário, né non? (Risos)

Pois bem, a primeira coisa que temos que entender é que nem sempre ligar o "Foda-se!" é tarefa fácil quando se está prestes a sair do armário. Me lembro quando, há cerca de uns quatro, cinco meses atrás, estava no auge da minha indecisão e do meu conflito interno. A minha vontade era sair gritando pro mundo que sim, eu era gay, e tinha orgulho disso, depois de anos tendo vergonha da minha condição. Mas eu sabia que tinham muitas coisas em jogo: além da igreja da qual eu era membro, tinha também os meus colegas de trabalho, meus colegas de faculdade... "Como eles vão reagir...?", pensava. 
Talvez pra quem está de fora do armário, ou até mesmo um heterossexual simpatizante do movimento, possa parecer fácil chutar o balde sem se importar com o que os outros vão pensar a seu respeito. Mas temos que entender que não é tão fácil quanto parece. Como somos seres humanos que nascemos para viver em sociedade, a ideia de ser isolado, ignorado ou deixado de lado apavora mesmo. Por isso nos importamos tanto com a opinião dos outros sobre nós. E quando tem religião envolvido no meio, as coisas ficam potencialmente piores. E falo isso por experiência própria. Lá atrás, em 2011, 2012, quando não conseguia "me segurar" e acabava me masturbando depois de imaginar sexo com outro homem, o meu psicológico me atormentava terrivelmente. A ideia de que o que eu havia feito era "pecado", me deixava muito incomodado. Lá ia eu então, pedir "perdão a Deus" pelo que havia cometido, e começavam campanhas de "cura e libertação", como se isso fosse possível. Hoje em dia, é excelente viver sem essas culpas na cabeça da gente. Mas foi um longo tempo para que eu chegasse a essa conclusão. Não foi do dia pra noite.
Eu só decidi assumir quem eu sou quando percebi que ficar me reprimindo e fingindo ser quem eu não era, iria comprometer a minha felicidade. Nesse momento eu vi que A MINHA FELICIDADE ERA A PRIORIDADE DALI PRA FRENTE. E nada nem a opinião de ninguém iria me segurar mais dentro do armário. Com uma ajudinha de Lady Gaga com seu hino "Born This Way", me libertei de tudo isso.
Como falei acima, foi todo um processo. E cada um tem um tempo diferente pra colocar a sua felicidade na balança em comparação com a opinião da sociedade. Mas vamos em diante.

Pois bem. Depois que a gente se assume, o que muda em nossa relação com a sociedade? Vou tentar responder a essa pergunta da maneira mais intimista possível, baseando no que tem acontecido comigo em tempo real.

Em casa: 

Bem, quando me assumi pra minha mãe pro meu irmão, que são os únicos que moram comigo, fiquei duplamente surpreso. No caso do meu irmão, que tem 18 (dezoito) anos, fiquei surpreso pela sua mente aberta e por me fazer me sentir tão bem por ser quem eu sou. Ele me deu tanto apoio e me disse que me amava "independente da minha orientação sexual (sic)." Fiquei muito feliz com a reação dele, uma vez que eu esperava que ele pudesse se voltar contra mim. Graças a Deus isso não aconteceu. 
A reação dele me deu uma injeção de ânimo e disposição para ir até a sala, desligar a televisão que minha mãe estava assistindo e lhe contar toda a verdade. Por mais que eu soubesse que eu enfrentaria resistência, estava preparado para tudo o que viesse. Foi aí que veio a segunda surpresa: ELA FOI MUITO MAIS PRECONCEITUOSA DO QUE EU IMAGINAVA. Falou-me coisas horríveis de se ouvir. Agradeço a Deus porque tenho um psicológico equilibrado, porque muitos em meu lugar poderiam buscar refúgio nas drogas ou até mesmo no suicídio. Mas eu estava preparado pra isso. “Você gosta de homem? Que vergonha...!” “Mas você até já beijou meninas! E a Fulana que você me disse que gostava?” “Quem te influenciou a ser assim? Eu sabia que não poderia ter deixado você ficar andando com Beltrano, só podia dar nisso!”. “Não me deixa ver você beijando na boca de outro homem barbado não, viu?” “Sou preconceituosa mesmo! E NUNCA vou te aceitar assim! Nunca!”. Essas foram só algumas amostras das coisas terríveis que já tive que escutar. Nos três primeiros dias, ficamos sem conversar. Resolvi dar um tempo pra ela para que ela pudesse digerir o assunto. Também me propus a fazer da seguinte maneira: O pior já havia passado. Ela já sabia e merecia mesmo saber disso pela minha boca. As coisas seriam muito piores se ela ficasse sabendo pela boca dos fofoqueiros. Apesar do clima em casa ter ficado o pior possível, nunca havia me sentido tão leve de ter acabado com uma mentira que me acompanhava já faziam 21 anos.

Bem, eu contei esse pedaço da minha história para te aconselhar, meu amigo leitor, que talvez esteja passando por situação semelhante. Se você sofre com parentes preconceituosos, saiba que o melhor que você pode fazer nesse primeiro momento é ficar em SILÊNCIO. Depois que você se assume para eles, o que mais consola é saber que quem precisa saber algo sobre a sua vida já sabe, e é isso que importa. O resto o tempo vai resolver. Mas nunca bata de frente com os familiares sobre isso. Isso só vai trazer mais problemas. A menos, é claro, que você esteja sendo diretamente ofendido e precise se defender. Às vezes, minha mãe acaba me provocando de um jeito que eu preciso reagir e me impor, porque nós jamais podemos nos achar inferiores por sermos homossexuais. Isso jamais! Mas também não podemos querer introduzir “goela a baixo” nossa sexualidade para pessoas que não estão acostumadas com esse tipo de coisa. Eu por exemplo, não comento com a minha mãe sobre minha vida amorosa/afetiva/sexual, porque sei que ela não me apoia e nem fica confortável com essa situação. Portanto, respeito é fundamental, para que um dia possamos vencer todos esses obstáculos. Eu sonho com o dia em que minha mãe vai aceitar que eu e meu (futuro) namorado fiquemos juntos em casa com ela. Mas enquanto isso não acontece, vou dando tempo ao tempo e vivendo a minha vida. Solteiríssimo. Risos.

No emprego:

Todo emprego exige seriedade por parte de seus funcionários, e sabemos que isso independe de sexualidade. Seriedade e respeito devem existir em todos os ambientes de trabalho. No meu emprego, que é um estágio remunerado no Tribunal de Justiça, procuro ter uma postura que se adeque ao meu ambiente de trabalho. Com muito profissionalismo. Temos que entender que nem todos os lugares são propícios para se falarem certos assuntos. É claro que até mesmo no nosso local de trabalho, temos amigos que podemos compartilhar certas coisas, na hora do lanche e etc, mas no geral, é necessário se compreender que o foco ali é outro. Sua postura séria (independentemente de ser afeminado ou não, não estamos discutindo isso aqui) é uma das maneiras de você conquistar cada vez mais respeito diante dos seus colegas de trabalho.
A sociedade tem uma visão de que os homossexuais são promíscuos, safados e pervertidos (safado eu sou mesmo, e muito! Mas nas horas e nos lugares certos... risos). Desmistificar isso é fundamental para progredirmos rumo a igualdade que tanto desejamos.
Outro ponto que não posso deixar de abordar, sem dúvida, é a produtividade.
PROCURE SER O MELHOR NAQUILO QUE VOCÊ FAZ. Você precisa provar para aqueles que duvidam da sua capacidade, que não é porque você saiu do armário que você deixou seu cérebro lá dentro. Que não é porque você é gay que você é inferior aos outros. Vai lá e se destaque! Seja um campeão naquele lugar! Como a gente mesmo diz: Vai lá pra tombar, pra lacrar! Se não fosse para causar, você nem saía de casa né? Risos.
Com o tempo, o reconhecimento vem. Aquela promoção acontece. Seu salário aumenta, você sobe na carreira. O orgulho de ser bem-sucedido vai te alimentar a querer ser cada vez melhor e contribuir para que nosso país seja um lugar melhor para se viver.

 Na escola/faculdade:

Acho esse ambiente tão importante quanto os demais. É verdade também que dos três locais que eu listei neste texto, a escola/faculdade é aquele que te dá mais liberdade, dependendo de cada caso. Na minha vida, por exemplo, como em casa eu não tenho plena aceitação, e no meu local de trabalho tenho uma postura mais séria, na faculdade tenho mais liberdade de expressar vários sentimentos e emoções que existem dentro de mim. Você, amigo leitor, pode discordar do que vou dizer agora, mas comigo eu cheguei à essa conclusão. Muitas pessoas, depois de terem saído do armário e se assumido homossexuais com orgulho, dizem a seguinte frase: “Eu perdi muito tempo! Devia ter me assumido antes! Isso é fantástico!” eu mesmo já disse muito essa frase muitas vezes. Mas, depois de algum tempo, cheguei à seguinte conclusão: AS COISAS TEM UM TEMPO CERTO PARA ACONTECER. Eu me lembro que em 2011, estava no Terceiro Ano do Ensino Médio. Não me aceitava homossexual de maneira alguma. Para todos os efeitos, eu era heterossexual convicto e “bem-resolvido”. Nesse mesmo ano, Lady Gaga lançava o hino “Born This Way”. Ouvi a música, até porque já gostava de Pop desde quando me tornei B-Army, em 2007 (embora não soubesse que era esse o nome dos fãs de Britney Spears). Mas não tive nenhuma curiosidade de ler a letra ou qualquer coisa nesse sentido. Pois bem. Porque? Não era aquele o momento certo de minha ficha cair e me libertar de tudo o que me aprisionava? Talvez sim. Mas creio que não era a hora. Aquele Diego de 17 anos não tinha a maturidade e o preparo psicológico que esse Diego de 21 anos tem. Era uma pessoa que se preocupava excessivamente com o que as pessoas poderiam falar dele. Em suas tentativas de ser heterossexual, até se juntava às rodinhas homofóbicas para falar mal dos gays. Só pra se encaixar em um grupo social. Eu era tão inseguro que, se tivesse me assumido em 2011, talvez posteriormente poderia, devido a pressões externas, dizer que foi só uma fase, e voltar correndo pro armário. Certamente eu não teria suportado as pressões das pessoas preconceituosas. Quando a primeira pessoa se afastasse de mim, eu já ficaria inconsolável. Com o Diego de 21 anos, tudo isso foi paulatinamente resolvido, para que eu de fato estivesse preparado para dar esse que foi um dos maiores passos da minha vida. Hoje a opinião dos outros não quer dizer nada pra mim. E, por um capricho do destino, em agosto desse ano, parei pra ouvir a letra de “Born This Way”. Minha ficha caiu e resolvi aceitar minha condição sexual e ser plenamente feliz. Por isso eu digo e repito: Não saí do armário tarde demais. Muito menos cedo demais. SAÍ DO ARMÁRIO NA HORA EXATA! Estou na melhor fase da minha vida. Sendo feliz por ser exatamente quem eu sou.
Na faculdade, desde o meu primeiro ano do Curso de Direito, em 2012, me esforcei para ser o melhor aluno da sala. E graças a Deus, tenho conseguido. Hoje estou de férias e ano que vem vou para o 5° e último ano do curso. E tenho me esforçado para não deixar a peteca cair, de jeito nenhum. Agora não posso relaxar nos estudos de maneira alguma, tenho que continuar sendo o melhor, para honrar minha família, minhas origens e minha identidade. Se eu começar a descuidar dessa parte, algumas pessoas poderão julgar que depois que me assumi homossexual as coisas mudaram na minha vida pra pior. E todos sabemos que uma coisa nada tem a ver com a outra.
Nesse ponto, eu preciso dar uma orientação: SAIBA SEPARAR AS COISAS! Gosta de Divas Pop? Eu também amo todas elas, de paixão. Aquelas musicas me trazem paz de espírito...Mas quando for estudar, deixe o fone de ouvido de lado, e ESTUDE! Isso vale para as redes sociais, para a televisão, e qualquer coisa que tire seu foco dos estudos. Agora que eu estou de férias até março, vou ouvir todos os álbuns que havia baixado e não tinha tido tempo de ouvir. Mas a partir de março eu diminuo o ritmo, porque o foco é o meu curso e minha consequente carreira profissional.
No ambiente escolar, tendo-se respeito pelo próximo, você tem muito mais liberdade de ser quem você é, até por que o ambiente acadêmico, pelo menos em tese, é cheio de pessoas maduras, de mente aberta, e menos preconceituosas do que o ambiente do Ensino Médio, por exemplo.

Ufa! Acho que falei demais. Mas nesse texto procurei ser sucinto e, baseado nas minhas experiências pessoais, ajudar você que talvez esteja nessa fase também a lidar com essas questões cotidianas na vida de nós, jovens e gays (ou lésbicas, bissexuais e transexuais)
Por outro lado, não pense que o que eu escrevi é uma Receita de Bolo, uma cartilha a ser seguida. Nada disso. Quem sabe da sua vida é você mesmo, e mais ninguém. O que eu fiz foi apenas dar alguns conselhos, que talvez sirvam de auxílio para alguns que também passem pelas experiências que tenho vivido.
Nunca se esqueça de uma coisa: SEMPRE PROCURE SER O MELHOR EM TUDO O QUE VOCÊ FIZER. Sabe porque? A verdade deve ser dita: essa sociedade preconceituosa vê a gente como pessoas inferiores, por não seguir os padrões impostos por eles. Se eles nos veem como inferiores à média, você só vai se destacar, se você for ACIMA da média. Se você for bem sucedido lá na frente, alguns dirão: “Apesar de ele ter sofrido toda sorte de preconceitos e humilhações, chegou ao topo e conquistou o seu espaço.” Mas se você fracassar, eles serão os primeiros a dizer: “também, sendo quem ele é, está explicado o porque disso...” EM TUDO O QUE VOCÊ FIZER, PROCURE A EXCELÊNCIA! E para aqueles que se incomodarem com o seu sucesso, diga a eles sem medo de ser feliz: SEGURA A MARIMBA AÍ, MONAMOUR! (BRASIL, Inês. 2013). Risos.
É assim que termino esse texto, e espero que você fique feliz e se sinta identificado em ler essa postagem assim como eu fiquei feliz em escrevê-la.

E saiba de uma coisa: Eu, Diego César (ou Kaiser Ogeid, como preferir), estou aqui para te ouvir e te ajudar. Sempre. Por isso, não se sinta constrangido em me procurar nas redes sociais para conversarmos. Aquilo que estiver ao meu alcance, eu sem dúvida vou te ajudar!
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Abraços, de seu amigo, #KaiserOgeid!

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Créditos da Imagem: Solitário Mundo Gay. Acesso: http://solitariomundogay.tumblr.com/ 


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