"Nas horas de luto e sofrimento eu vou abraçar e embalar você, e farei da sua tristeza a minha tristeza. Quando você chorar, eu vou chorar, e quando você sofrer, eu vou sofrer. E juntos tentaremos estancar a maré de lágrimas e desespero e juntos vamos superar os obstáculos das esburacadas ruas da vida." Diário de Uma Paixão - Nicholas Sparks.
Naquela noite, ele estava no meu sonho. Não que isso fosse uma novidade. Na verdade, já era até rotina; mas dessa vez, foi algo mais especifico. Não foi apenas uma recordação de momentos vividos, ou a ansiedade de vê-lo mais tarde. Dessa vez, meu sonho só aumentou a esperança de algo que eu já havia pensado há algum tempo mas evitava: ele era o homem da minha vida. Mas, se o sentimento é reciproco, por que fugir dele quando o sonho da maioria dos adolescentes é encontrar alguém que possa compartilhar a sua vida?
A resposta é simples: desilusão. Depois de ultrapassar o limite de desmatamento fazendo papel de trouxa, você começa a pensar três vezes, quatro vezes, cinco vezes... antes de se permitir amar novamente.
Mas não era eu quem estava falando que o amava. Era meu corpo. Era minha alma.
O meu sonho foi muito claro: estávamos eu e ele deitados no sofá da nossa casa assistindo um filme antigo. Apenas isso.
Simples. Confortante. Romântico.
É incrível como apenas um sonho pode gerar tantos pensamentos. E, por mais planos que eu fizesse, ou caminho percorresse, sempre era levado à um mesmo destino, um único ponto final: ele. O garoto dos olhos castanhos que havia tomado meu coração.
Passei o dia remoendo esse pensamento enquanto contava os segundos para encontra-lo. O dia era chuvoso e tudo levava a crer que a tarde seria um desastre: ele foi almoçar na casa da tia e não sabia que horas iria embora. Para piorar, sua internet estava uma merda, o que só aumenta o meu nervosismo enquanto eu estava com os olhos colado no celular a espera dele para me dizer onde iriamos nos encontrar.
No final, o almoço terminou cedo e às 14 horas ele já estava disponível para o encontro. Decidimos ir ao cinema do Butantã pois era o único cinema que estava com o filme que ele deseja assistir em cartaz. Quando chegamos na estação, a chuva impediu que fossemos ao nosso destino, mudando nossa rota para a Avenida Paulista.
Fomos em dois shopping e não encontramos nenhum filme que lhe agradasse, então ele perguntou se eu queria comer no MC'Donalds (que romântico!). Já que os planos de ir ao cinema haviam desmoronados, aceitei comer mas opinei que fossemos ao Pizza Hut.
Querendo adiar nossa despedida e sem aceitar que o encontro havia sido um fracasso, levei ele para a Livraria Cultura onde ficamos abraçados aproveitando a companhia um do outro. Senti que ele estava tenso e tentei conversar sobre o assunto. Foi então que ele me contou que sua mãe estava desconfiando dele e que queria leva-lo de volta para Pernambuco. A noticia foi um choque para mim. Eu sabia que estávamos juntos a pouco tempo porém aquele sentimento significava muito para mim. E no vazio em seus olhos percebi que ele também não estava disposto a me deixar. Mas não seria justo que eu, um garoto que acabou de entrar na vida dele, acabasse com seus laços familiares. Porém, seria justo que sua família interferisse na sua felicidade?
Sem saber o que fazer, ou o que lhe dizer, apenas o abracei. Não precisei falar nada; ele sentiu no conforto dos meus braços o que eu não havia falado com palavras: eu estaria lá com ele; independente do que acontecesse.
Sem saber o que fazer, ou o que lhe dizer, apenas o abracei. Não precisei falar nada; ele sentiu no conforto dos meus braços o que eu não havia falado com palavras: eu estaria lá com ele; independente do que acontecesse.
Apesar do dia não ter saído como o planejado, só de estar na companhia dele, já foi especial. Seu abraço e sua voz me confiando seus problemas me fez recordar o quão bom havia sido o sonho de um futuro com ele.
Quando cheguei em casa, fui surpreendido com a mensagem:
"Você me faz tão bem. Quando estou com você, esqueço do mundo."
Foi então que um dia desastroso se tornou inesquecível.
Confissões de um adolescente é a coluna do Love & POP, escrita por Lucky. Futuro jornalista, possuí uma página de contos gays no Facebook Cidade que não dorme . Fale com ele pelo Facebook e pelo Twitter sobre assuntos que gostariam de ler no blog.
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