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Você chora por dentro?



Em um de meus vários diálogos com meus amigos, citei que não costumo chorar. E é verdade. Quem convive comigo sabe que não sou uma torneira ambulante, apesar de emotivo.  Expresso minhas vísceras em arrepios no braço, faço caras e bocas e tenho variações de humor. Mas a lágrima, aquela gotinha salgada não aparece. Até já tratei em terapia, mas posso ficar tranquilo, nada que justifique uma internação.
Por dentro a história é outra.
Você já chorou por dentro? Sentiu aquele nó na garganta e a sensação que você tem é de que irá explodir, mas seus olhos continuam secos? Isso acontece comigo numa frequência corriqueira. Eu choro por dentro ouvindo uma canção que mexe comigo, seja na letra, na melodia ou na voz. Eu me debulho em lágrimas ao final de um filme dentro do cinema, no meio de uma crônica, ao entardecer de um domingo chuvoso e nostálgico. A arte em geral me desperta esses soluços internos e silenciosos.
Você também chora por dentro. Chora quando percebe que seu sonho não é tão fácil como parecia. Quando ofende alguém e percebe isso no mesmo instante. Quando está tão cansado, mas não pode desistir. Quando seu filho resolve que não precisa mais tanto de você. Suas lagrimas internas rolam secretamente quando você se depara com a insegurança de amar um homem que não transmite fidelidade. Quando seu amigo se revela desonesto. Talvez aquela memória do passado te assombre vez ou outra e você percebe que não superou coisa nenhuma. Você chora por dentro quando se olha no espelho e odeia o próprio reflexo. Quando um “vai passar” não resolve nada. Quando você se sente tão pequeno diante das dificuldades da vida, e parece que nunca vai mudar de situação. Quando o amor já não é o suficiente para seu relacionamento.
O choro silencioso é mais sutil, mas nem por isso, menos doloroso.
Ninguém vai ver suas lágrimas. Sua melhor amiga não poderá enxuga-las por você. Seus pais não saberão que há algo de errado. Você pode aproveitá-las na intimidade de sua solidão. Deixa rolar, não segure – você está a salvo dos olhares alheios e da piedade obrigatória. Chore porque você é gente como todo mundo. Nada é mais humano do que estar em contato com suas fragilidades.
Mais vale um choro silencioso e honesto que mil lágrimas de crocodilo.

Por: Paulo R. Cane, colunista da Love & Pop, cronista e instrutor de Inglês.
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