Últimos posts

(Crônicas) Invencível.

   Como foi o seu passado? Algumas pessoas vivem á sombra dele. Revivem velhas histórias com alegria, outras, com dor. Algumas são apegadas ao que lhes ocorreu, enquanto outras aprenderam a guardar as boas lembranças e a lidar com as ruins. De alguma forma todos carregamos em nós marcas importantes que nos tornaram no que somos hoje.
   Um quarto de UTI, um acidente, discriminação, um medo, um susto, uma irrealização. Quem nunca? Raramente encontro pessoas que lidam bem com o que a vida lhes propôs anos atrás. A infância costuma ser a fase mais marcante para a maioria, positiva ou negativamente. A adolescência é a montanha-russa da qual ainda tentamos nos livrar e a vida adulta sim, essa é a mais difícil, porque aqui já acumulamos de tudo um pouco. Amores mal resolvidos, nó na garganta, discussões incompletas, saudades, vontades que ainda não se concretizaram, expectativas para o futuro. Ser adulto é como receber um caderno novo em folha para passar a limpo os rascunhos de até então. Ser adulto é ter a liberdade de ir e vir, fazer e desfazer, mas vem com um preço: ser adulto não é ser invencível. Pouca coisa mudou se você prestar bastante atenção. Ainda estamos expostos a tudo o que já nos ocorreu no passado, a diferença é que compreendemos melhor a vida, nos conhecemos com mais profundidade e nossa resposta aos fatos é outra.
   Todo mundo sabe que eu nunca gostei de ser criança. Aproveitei a adolescência como se deve, mas ainda assim não trocaria minha fase adulta por nenhuma outra do meu passado. Os valores mais importantes da vida humana são adquiridos com experiência. A gente aprende a baixar a bola quando precisa, a exercitar humildade sem deixar de lado o auto reconhecimento pelos nossos êxitos. Sabemos quando calar e quando falar. Controlamos melhor nossas emoções e ainda por cima continuamos nos divertindo, sem cama elástica ou piscina de bolinhas – nossa cama é outra (você sabe...) e a piscina é preferencialmente de verdade, com água e guarda-sol.
   Podemos não ser invencíveis, isso é aceitável, levando em conta que somos gente como todo mundo. Papai e mamãe também choram pelos cantos. O professor também carrega as dúvidas mais cruéis em silêncio. O patrão também sofre por amor. O arquiteto também sente saudades da mãe. A enfermeira ainda tem medo de temporal e o cabeleireiro vez ou outra faz uma oração esperando por dias melhores. Não somos invencíveis, desculpa aí. Temos as responsabilidades, o status, carreiras, poder aquisitivo, mas nada disso nos arranca a criança interior ou o adolescente carente de dentro de nós. Temos 18, 25, 32, 46, 51, 65, 70... Adultos porque é um acordo social, mas de pertinho e bem no fundo, somos um emaranhado de emoções que pulsa o tempo todo em busca de mais, do melhor e nunca cansamos, porque isso é a vida.

   Esta crônica é para lembrar que nos cansamos muito da rotina, nos enjoamos de estudar, nos sentimos triste quando as coisas não saem como gostaríamos, precisamos de abraços quando as palavras não servem, esperamos um telefonema quando a distância não permite, sentimos medo no escuro, tentamos acertar o tempo todo e nesse processo, cometemos erros. Invencíveis, só na música da Kelly Clarkson.

Por: Paulo R. Cane, colunista da Love & Pop, cronista e instrutor de Inglês.
Você pode entrar em contato com le pelo email contatopaulorcane@gmail.com  ou pelo seu perfil no Facebook.


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Love & Pop Designed by Templateism.com Copyright © 2014

Tecnologia do Blogger.