Existem muitas emoções com as quais não sei lidar. Um determinado medo, saudade, ansiedade, estresse, angústia e até mesmo aquela felicidade eufórica anormal que aparece do nada. Acredito que todos nós temos dificuldade com uma e outra emoção que nos desorienta.
Duas das emoções que eu ainda não sei lidar muito bem é a afinidade e a expectativa. Você deve conhecer a sensação: Em um dia normal quando tudo parece ser apenas mais do mesmo, surge alguém interessante em seu caminho. Você percebe que esse interesse cresce ao passo que você se permite ir adiante. Sorrisos, palavras, gostos em comum e quando menos percebe, rolou afinidade. Sim, aquela maldita sensação de que a pessoa do outro lado era tudo o que te faltava. Mesmo já tendo caído nessa armadilha patética um zilhão de vezes, você não se importa. A adrenalina é uma delícia. A química é inegável e as coisas em comum fazem tudo parecer muito perfeito e, então surge a necessidade de estar perto, de querer que aquela perfeição ambulante esteja aqui e agora para sanar esse seu lado carente e transformar sua vida num piscar de olhos.
Á partir desse ponto tudo o que é dito e feito tem um peso significativo. Descobrimos onde estão nossas inseguranças, nossas reais motivações, nossos medos mais sombrios. Queremos oferecer nossa melhor versão, esperando que aquele ideal do outro lado também pense da mesma maneira. Mas isso não acontece.
Não acontece porque relações humanas não podem ser evidenciadas em redes sociais. Precisam de convivência para manter o equilíbrio. Não existe aplicativo que substitua o olho no olho, o aroma, o toque das mãos. Não posso esperar um relacionamento baseado em afinidade. Em duas horas de conversas recheadas de emoticons. Afinidade é o que eu tenho por determinado personagem de seriado, por uma cantora que ouço com frequência, pela moça que me atende no caixa da padaria. Mas relacionamentos exigem muito mais do que isso. Então eu me pergunto: por que esperamos tanto de um método que não nos oferece nada? Agimos com base no que sentimos, mas até que ponto é seguro confiar em nossas emoções? E se no final das contas eu não for o cara por trás das minhas conversas?
Se esse bate papo todo funcionar, partimos para o próximo estágio: o encontro em pessoa. Um, dois, cinco, quinze encontros depois e começamos a perceber que a perfeição ambulante não é assim tão perfeita e que nós, não éramos nós de verdade. Quando isso acontece, a afinidade nada mais foi do que apenas o cupido maldito pregando uma peça outra vez.
Quem passa da fase de afinidade para intimidade e, ainda assim consegue segurar as pontas que um relacionamento impõe, sabe que nada melhor do que o tempo e honestidade é que definem um verdadeiro laço entre duas pessoas que estão aprendendo sobre o amor. Uma lição aprendida: a expectativa e afinidade não são filtros seguros na hora de conhecer alguém.
Por: Paulo R. Cane, colunista da Love & Pop, cronista e instrutor de Inglês.
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