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Perto do 30 (A idade).


Adoro escrever sobre idade. As pessoas têm essa mania de sentir desconforto diante do número de aniversários que completaram – não entendo. Esse ano eu completo vinte e seis anos e ainda me sinto como se ontem tivesse feito dezoito. Não dá pra ser jovem pra sempre, mas jovial, sim. Ao passo que eu me aproximo dos 30 me sinto animado com o que está por vir.
Nunca me relacionei bem com a infância. Costumo dizer que nunca gostei de ser criança – nem quando era e nem quando deixei de ser. A adolescência foi uma fase boa, mas não trocaria minha vida adulta para revivê-la. Desde cedo eu sentia uma necessidade intensa de ser livre e mesmo hoje essa busca é constante, mas já conquistei uma boa quantia. Crianças e adolescentes conseguem perceber melhor o gosto da liberdade, mas os adultos a vivenciam com mais intensidade (quem se permite ser livre).
Perto dos trinta eu já consigo perceber algumas mudanças significativas que fazem de mim alguém menos aprisionado. Os beijos são menos frequentes, porém mais significativos. Já não sofro mais daquela carência estúpida, por isso não me jogo em relacionamentos destrutivos só para não me sentir sozinho. Aliás, perto dos trinta os nossos critérios mudam e tornam-se mais exigentes. Escolhemos melhor quem deve ou não fazer parte de nossa biografia. Na minha vida eu escolhi deixar de fora as pessoas frívolas que não me acrescentam em nada.
Perto dos trinta já conseguimos identificar os amigos de verdade e não nos assustamos se são poucos. Esse pouco é o suficiente para me suportar até o fim. A essa altura eu já sei que os amores podem não durar para sempre e que nossas emoções podem ser traiçoeiras. Perdi o medo de arriscar, mas não a cautela. Sou mais aberto para as possibilidades e menos preconceituoso comigo mesmo, e com os outros. Sou fiel aos meus ideais, independente do que os outros possam pensar de mim – a opinião alheia serve para reflexão, não para ser verdade absoluta.
Perto dos trinta eu posso me olhar no espelho e gostar do que vejo. Olho para o passado como um lembrete e para o futuro com esperança. Já me aceitei com meus erros e acertos. Já fiz as pazes com meu lado menos abençoável e pecaminoso. Busco a luz tendo a noção de que estou constantemente cercado pelas trevas. Perto dos trinta a gente perde as frescuras e ganha experiência. Aprendi a me perdoar e a perdoar quem me falha.
Perto dos trinta a gente chora: de amor, de saudade, de medo, de alegria. A gente brinca, dança, canta no chuveiro e faz caretas em frente ao espelho. Perto dos trinta a vida é tão acesa que no fim do dia estamos exaustos. Aceitamos melhor a tristeza como sendo parte de nossa felicidade, porque sabemos que um dia o sol brilha e no outro a chuva pode cair. Perto dos trinta nos preparamos para o que está por vir porque temos consciência de que três décadas não nos derrubaram, e ainda temos mais um bocado pela frente.
Prestes a chegar à casa dos trinta somos uma mistura de criança, adolescente e adulto. Queremos tanto, apesar de já ter passado por muito.

Por: Paulo R. Cane, colunista da Love & Pop, cronista e instrutor de Inglês.
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