Lá vem esse assunto de
novo. Sim, Inês Brasil. Mas isso é mais sério do que se imagina, principalmente
para os fãs.
Quando Inês começou a ter
seus primeiros gifs feitos na Jovem Pan – antiga comunidade do Orkut – em 2013,
era um sucesso interno. Seu vídeo para o BBB não tinha ainda nem cem mil acessos.
Ninguém sabia se era mulher ou travesti, ou até trans, mas era sim dada como
uma louca. Aos poucos ela ganhou notoriedade, talvez por falta de uma diva máster,
Inês acabou entrando no mundo dos memes e caindo nas graças do publico LGBT,
especificamente. Ela fechou contrato com Thiago Araujo, promoter e Dj que vem
cuidando da carreira de Inês. Desde então, após o vídeo do Telegrama Legal (SBT)
e algumas entrevistas no SuperPop (Rede TV!) Inês ganhou fama nacional, é inegável
que ela é famosa e consegue hitar qualquer
coisa que diga.
Mas por que falar de Inês?
Alguns dias circulou no facebook um
texto de um internauta levantando o ponto Inês Brasil e sobre os problemas ao
redor dela. Mas ele foi linchado pelos fãs, e dito como Branco querendo dar pitaco na
vida de uma mulher negra.
E qual seria o problema? Não é ela, e
sim as pessoas. O que falarei aqui são meras especulações sobre Inês, mas sem
deixar de citar o que se passa entre ela e os fãs e a situação que acaba sendo
vista.
A MENTE
Primeiramente, quando Inês surgiu, foi vista
como doida. Muitas pessoas se perguntavam se ela realmente tinha ou tem
problemas mentais. Ela mesma falou que já foi usaria de crack (e seu lema é
tirar os cracudo da rua) e não é preciso ser um especialista para saber
que isso afeta o organismo em longo prazo. Sua fala é desconexa, repete atos
constantes, tem um repertorio comportamental que é o mesmo. Você pode ate dizer
que isso é devido sua baixa escolaridade, mas Inês tem dezoito anos de
Alemanha, e é meio que improvavél que uma pessoa não aprender nada – se quer
desenvolver um linguajar - em um país tão desenvolvido e ainda casada com um alemão que tinha boa vida. Os fãs
sempre recuam nesse ponto, por que ele é fortíssimo.
O Brasil é um país onde
pessoas com problemas mentais são altamente discriminadas, e os fãs de Inês
negam essa possibilidade nela. Eles sempre falam que ela é boa, humilde, mas
isso é caráter, ninguém está falando sobre isso. Não sei por que, por exemplo,
quando Gaga falou de sua depressão as pessoas não ligaram. Talvez por ser uma
gringa isso soe menor no país.
Depois, vemos que Inês tem uma carreira.
Thiago Araújo, pelo que todos sabem, já agrediu Inês. Ninguem sabe por que
cargas d’água ela está com ele ainda como empresário, mas a sua filha (a
famosa) Munique, não gosta dele. A triste realidade é que essa carreira de Inês
é uma ilusão e ninguém sabe o que ela faz. Cantora? Humorista? Professora
de dança?
Então o contrato pode acabar e pra piorar, a idade de Inês não
vai ajudar. Inês é um entretenimento do momento, uma segunda Luisa Marilac –
só que deu certo – e que está a todo vapor. Os fãs de Inês acham que sua
carreira vai durar, e talvez dure se o Thiago precisar de dinheiro, mas está
nas mãos do destino.
O CORPO
Então entramos no assunto
mais pesado que envolve os fãs e este seja o ápice desse post.
Inês Brasil corporifica
pelo menos três possíveis estereótipos de gênero: a mulher negra, a travesti, e a trans. Ela é, sem duvida alguma,
uma mulher incrível. Mas como disse, o problema não é ela. O problema é que essa
espetacularização toda, todas essas pessoas falando da Inês, fazendo piadas,
criando memes, indo aos shows, parece se confundir com enaltecimento e
aceitação, mas que na verdade não é.
Não me
parece que estejam rindo com a Inês, mas da
Inês. Ao mesmo tempo em que objetificam seu corpo e sua imagem. Para ficar mais fácil entender, o que
acontece com Inês parece muito com o fenômeno
Sarah Saartjie Baartman.
Saartjie era uma negra africada de uma tribo, e por uma
anomalia tinha as nádegas muito grandes. Foi levada para ser exposta em um
circo da Inglaterra num show de horrores como mostra a ilustração.
Tendo exemplo como Sarah,
pergunta-se: Vocês acham que a espetacularização do
corpo da Sarah se dava por admiração e respeito?
A resposta é não. As pessoas iam ver Sarah, brincar com seu
corpo, violenta-la até sexualmente, rir dela.
Então Inês Brasil ainda ocupa esse espaço na relação social?
Infelizmente sim. As pessoas vão lá, pagam ingresso pra ver a Inês, bebem, replicam bordões, pedem para tirar uma foto pegando em seus seios. mas quem são essas pessoas? São todos pessoas de mente aberta sem preconceitos que não tem repudio de chegar perto dela? Pior que não sabemos, mas podermos ver. Muitos fazem questão de tirar foto com ela, mas só foto, por que na real, desvia de mendigo na rua. E claro, Inês tem uma imagem promiscua, óbvio que estar sempre com ela mancharia a imagem desses seres. Existem fãs que não ligam para a imagem de Inês, mas dificilmente eles poderiam andar com ela sem serem rotulados.
O LUGAR NA SOCIEDADE
Todo esse espetáculo ao redor de Inês, a exposição do seu corpo, isso
realmente não parece ampliação social de direitos.
Feministas podem dizer que, a Inês é a dona de seu corpo e ela pode fazer o que quiser. Sim, mas entramos aqui num grau ainda maior, o racismo, que pior ainda é o velado. Ela é mulher e negra, o que agrega ainda mais a hiperssexualização das mulheres negras no país, e isso dificulta e muito para que outras e outros consigam o emponderamento e o respeito numa sociedade racista, isso dificulta na quebra dos esteriotipos como os de que, mulher negra só é bela e tem vez quando samba na venida ( e nua). Estamos diante da frase "uma maçã podre apodrece todas?". Talvez.
Nosso país é um poço de preconceitos sem fim, e ainda temos
uma mega divida com os negros. A luta pelo emponderamento é árdua, e muitas
pessoas acham que tirar foto com Inês, por exemplo, é uma forma de mostrar que “está
tudo bem”, todo mundo ama ela. Porém me parece muito com pessoas que vao em zoológicos
tirar foto com o Leão dopado. O que acontece com Inês é como o caso de Sarah, pois o preconceito não morreu e as fobias vem disfarçadas em bons atos.
Os fãs precisam ver que se Inês tem problemas mentais, não é para ser acobertado e sim ajudado, ela tem duas filhas que podem garantir um futuro tranquilo para a mãe, mas que quando o contrato acabar e ela não conseguir mais nada, ela pode acabar na sarjeta, desenvolver depressão, pois até mesmo ela acha que tem uma carreira grandiosa pela frente.
Hão de dizer que esses atos de tirar foto, pegar em seus seios, são políticos, isso é
dar notoriedade a ela, que as pessoas a admiram. Vão de dizer que é machismo de minha parte, mas em nenhum momento estou dizendo que Inês Brasil deve se vestir melhor.
Eu vejo nisso como reflexo da
objetificação do corpo e hipersexualização das mulheres, das mulheres negras,
das travestis, das trans, de tudo o que a Inês representa. Isso não
é respeito e estao usando ela da forma errada, e pior, ela está MUITO distante dessa realidade.
Escrito por João Alves
@ingovernavel
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